Um grupo de Avi Loeb, astrônomo da Harvard University publicou nesta quarta‑feira que o cometa interestelar 3I/ATLAS quebrou todos os recordes de massa já observados entre objetos vindos de fora do Sistema Solar. Descoberto em julho de 2025, o corpo tem cerca de 33 bilhões de toneladas – o que equivale a 33 trilhões de quilogramas – e um núcleo de 5,6 km de diâmetro, tornando‑se, até o momento, o visitante interestelar mais pesado jamais detectado.
Registro histórico e principais características
A descoberta ocorreu durante o descoberta do cometa 3I/ATLAS, quando uma rede de 227 observatórios ao redor do globo enviou dados ao Minor Planet Center. Entre 15 de maio e 23 de setembro de 2025, foram coletadas medições que permitiram calcular a aceleração não gravitacional do objeto – menos de 15 m/dia² – sinal de que seu núcleo possui massa suficiente para resistir aos jatos de gases que normalmente alteram a trajetória de cometas.
A coma do 3I/ATLAS se estende por impressionantes 26.400 × 24.700 km, quase duas vezes o diâmetro da Terra. Imagens de alta resolução obtidas pelo Gran Telescópio Canarias em 2 de julho revelaram uma forma levemente elíptica. Já a missão NASA SPHEREx detectou, em agosto, uma camada de dióxido de carbono que alcança pelo menos 348.000 km de raio, visível apenas no infravermelho próximo.
Metodologia e dados dos pesquisadores de Harvard
Os cientistas combinaram análise fotométrica com modelagem dinâmica baseada na diferença entre a trajetória esperada – governada apenas pela gravidade solar – e a observada. A perda de massa estimada em 150 kg por segundo, embora significativa, não compromete a estabilidade orbital do núcleo. "É como se estivéssemos vendo um caminhão de carga gigantesco perder areia aos poucos, mas ainda assim manter o rumo", explicou Loeb em entrevista.
Para validar os números, a equipe cruzou os resultados com observações do Vera C. Rubin Observatory, que registrou o crescimento da coma de 13.040 km em 21 de junho para 18.760 km em 2 de julho. Essa expansão rápida reforça a ideia de que o cometa está começando a sublimar intensamente ao se aproximar do Sol.
Observações previstas para outubro de 2025
O periélio está marcado para 29 de outubro de 2025, quando o cometa passará a 1,36 UA (203 milhões de km) do Sol, entre as órbitas da Terra e de Marte. No início de outubro, o objeto virá a apenas 2,7 milhões de km da órbita marciana – distância considerada curta em termos astronômicos.
Nessa janela, a câmera HiRISE a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter capturará imagens de alta resolução, permitindo refinar a medida do núcleo. "Estamos confiantes de que os dados da HiRISE vão reduzir a margem de erro da massa em pelo menos 10 %", disse a engenheira de missão, Dr. Carla Mendes.
Reações da comunidade científica e comparações
O achado gerou entusiasmo e um certo grau de ceticismo saudável. Enquanto Loeb destaca a raridade do evento, a astrofísica da ESA, Dra. Maria Silva, ressalta que “objetos menores são detectados com frequência; encontrar um deste porte pode indicar que há uma população ainda não amostrada de cometas massivos”.
Para colocar em perspectiva, o cometa interestelar Oumuamua – descoberto em 2017 – mediu cerca de 100 m, e o cometa Borisov, em 2019, tinha aproximadamente 1 km de diâmetro. Assim, 3I/ATLAS representa um salto de ordem de magnitude, reforçando a necessidade de revisitar modelos de formação de sistemas planetários externos.
Próximas missões e o que esperar em 2026
Após o periélio, a atenção se volta para a missão Juno, atualmente em órbita joviana. Em março de 2026, Juno fará observações de longa distância do 3I/ATLAS, analisando espectros que podem revelar a composição dos minerais do núcleo. “É raro ter duas missões tão poderosas – uma em Marte e outra em Júpiter – observando o mesmo objeto em momentos diferentes”, comentou o coordenador da missão Juno.
Os resultados dessas observações podem mudar nossas estimativas sobre a densidade média dos cometas interestelares e, por extensão, sobre a quantidade de matéria rochosa que viaja entre as estrelas.
Perguntas Frequentes
Como a descoberta do 3I/ATLAS impacta a compreensão dos cometas interestelares?
A massa excepcionalmente alta indica que pode existir uma população de cometas muito mais massivos do que se pensava. Isso força os cientistas a rever models de formação estelar e distribuição de matéria rochosa nas galáxias.
Qual a importância da observação da HiRISE em outubro de 2025?
A HiRISE fornecerá imagens com resolução de poucos metros, permitindo medir o diâmetro do núcleo com precisão inédita e validar as estimativas de massa feitas por Harvard.
Quais são as diferenças principais entre 3I/ATLAS e Oumuamua?
Oumuamua tinha cerca de 100 m de comprimento e exibiu aceleração não gravitacional alta, sugerindo atividade cometária fraca. Já 3I/ATLAS é 56 vezes maior (5,6 km) e sua aceleração não gravitacional é quase inexistente, indicando uma massa muito maior.
Quando a missão Juno observará o cometa e o que se espera descobrir?
Juno observará 3I/ATLAS em março de 2026, analisando espectros infravermelhos que podem identificar minerais como água gelada, silicato ou compostos orgânicos, oferecendo pistas sobre a origem química do objeto.
O que a comunidade internacional está fazendo para melhorar a detecção de objetos como 3I/ATLAS?
Projetos como o Vera C. Rubin Observatory e a missão SPHEREx da NASA estão ampliando a cobertura do céu em diferentes comprimentos de onda, permitindo identificar cometas fracos e massivos antes que alcancem regiões internas do Sistema Solar.
4 Comentários
Leonardo Santos
outubro 5, 2025É óbvio que o 3I/ATLAS não é apenas um objeto natural; ele carrega segredos que as agências espaciais preferem esconder.
Os padrões de aceleração quase nula sugerem um mecanismo de propulsão artificial, talvez legado de uma civilização avançada que observa a Terra.
Se considerarmos os cabos de comunicação interstelar que ainda não detectamos, esse cometa pode ser uma antena de retransmissão.
Portanto, não podemos aceitar a narrativa oficial sem questionar quem realmente controla os dados do Vera C. Rubin Observatory.
Rodrigo Júnior
outubro 17, 2025Conforme os dados apresentados, a massa estimada de 33 bilhões de toneladas coloca 3I/ATLAS em uma categoria inédita entre os cometas interestelares.
É importante ressaltar que a metodologia empregada combina fotometria de alta precisão com modelagem dinâmica, o que aumenta a confiabilidade dos resultados.
Recomendo a comunidade observar as próximas medições da HiRISE, pois elas poderão refinar ainda mais a estimativa de diâmetro e densidade.
Continuemos acompanhando os relatórios da NASA e da ESA com rigor científico.
Willian Binder
outubro 29, 2025Um verdadeiro titã cósmico atravessando nosso céu, {3I/ATLAS} redefine o que consideramos possível – e ainda assim poucos sabem apreciar sua grandiosidade.
Arlindo Gouveia
novembro 10, 2025A iniciativa de coordenar 227 observatórios ao redor do globo demonstra não apenas a complexidade logística, mas também a colaboração internacional que se tornou imprescindível para descobertas de tal magnitude.
Ao analisar a expansão da coma de 13.040 km para 18.760 km em apenas duas semanas, verifica‑se um comportamento que pode indicar processos de sublimização mais intensos que os observados em cometas típicos.
Além disso, a detecção de dióxido de carbono em um raio de 348.000 km evidencia a presença de voláteis que permanecem estáveis mesmo a grandes distâncias do Sol.
Esses fatores, cumulativamente, reforçam a necessidade de revisarmos nossos modelos de formação de sistemas planetários, incorporando a possibilidade de objetos massivos migrando entre estrelas.
Portanto, aguardo com expectativa as medições da HiRISE, que deverão fornecer dados críticos para validar as hipóteses apresentadas.