Acidente com Boeing da Jeju Air deixa 179 mortos: pane em motor e decisões sob investigação

Desastre aéreo na Coreia do Sul: detalhes do acidente da Jeju Air

A última sexta-feira de 2024 ficou marcada como um dos dias mais sombrios para a aviação sul-coreana. Um Boeing 737-800 da companhia Jeju Air, com 181 pessoas a bordo, caiu durante um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Muan, no sudoeste do país. O avião ultrapassou a pista, colidiu contra uma barreira de concreto e pegou fogo. Tragicamente, 179 pessoas morreram, restando apenas dois tripulantes vivos — ambos estavam na parte traseira, que se desprendeu durante o impacto e ajudou a preservar suas vidas.

O cenário após a tragédia era desolador. Parte dos corpos foi tão severamente danificada que só pôde ser identificada por meio de DNA. Em três dias, porém, todas as vítimas haviam sido oficialmente reconhecidas. O acidente chocou uma população que já havia vivenciado outro desastre marcante, o da Asiana Airlines em 2013, mas em menor escala.

Investigação revela falha em motores e polêmica sobre decisões na cabine

Investigação revela falha em motores e polêmica sobre decisões na cabine

Logo após o acidente, a Junta de Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Ferroviários da Coreia do Sul (ARAIB) começou a vasculhar possíveis causas. O que se descobriu assustou — ambos os motores do avião atingiram aves, um tipo de incidente chamado bird strike. Só que a investigação preliminar apontou que, durante a emergência, houve uma decisão polêmica: os pilotos desligaram o motor esquerdo, que tinha menos danos, e mantiveram o direito, justamente o que foi mais afetado pelo choque e pelo incêndio depois da queda.

Dados das caixas-pretas confirmam parte dessa história. Elas mostram que os controles da aeronave registraram o desligamento do motor esquerdo antes do pouso forçado, mas as gravações cessaram quatro minutos antes do impacto, deixando crucial parte da sequência sem explicação completa. Não se sabe, ainda, a razão exata para os pilotos tomarem essa decisão, um mistério que só aumenta a tensão junto aos familiares das vítimas e especialistas.

O papel dos pilotos virou centro de polêmica. Autoridades sugeriram, cedo demais, que a escolha do desligamento poderia ter tido papel fundamental na tragédia. Indignadas, famílias das vítimas clamaram por mais provas e questionaram a transparência da apuração. Kim Yu-jin, representante do grupo de parentes, denunciou a pressa em apontar culpados antes da conclusão dos laudos e forçou o cancelamento de uma coletiva de imprensa agendada pela ARAIB — ninguém estava disposto a ouvir explicações rasas enquanto dúvidas sérias permanecem.

A legislação internacional prevê até um ano para a conclusão dos laudos oficiais nessas tragédias. Enquanto o prazo corre, várias questões assombram o setor: será que houve falha de treinamento para lidar com emergências envolvendo múltiplos sistemas? Os padrões de avaliação dos motores e protocolos internos da companhia estavam adequados para voos diante de riscos já conhecidos como o de aves na região? Ainda não há respostas concretas.

Especialistas também discutem outro ponto: até que ponto o acidente expõe lacunas de segurança em aeroportos com histórico de bird strike? O método de aproximação, a resistência dos motores e as instruções para estes cenários extremos devem ganhar novo peso nos treinamentos e revisões técnicas. Só assim, talvez, aumente a confiança em pousos de emergência e reduza-se a chance de tragédias de tamanha escala no futuro.

  • O acidente aéreo representa a maior perda de vidas civis em décadas na Coreia do Sul.
  • Dois tripulantes sobreviveram devido ao rompimento da fuselagem traseira.
  • Familiares seguem cobrando respostas que tirem o peso das suposições sobre os pilotos e tragam reformas gerais para o setor aéreo.

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